Crítica: “Super Mario Bros. – O Filme”

Manter-se relevante por mais de  quatro décadas é para poucos. Mas isso parece fácil para dois simpáticos irmãos encanadores ítalo-americanos que, embora já tenham entrado pelo cano (literalmente) inúmeras vezes, seguem mostrando o quanto ainda são queridos por várias gerações.

“Super Mario Bros. – O Filme” (The Super Mario Bros. Movie) tem a missão de transportar para as telas de cinema a série de jogos da Nintendo que teve início no longínquo ano de 1985, pela imaginação de Shigeru Miyamoto (lembrando que, a primeira aparição do personagem aconteceu em 1981, no jogo “Donkey Kong”).

De lá pra cá, os irmãos Mario e Luigi viveram inúmeras aventuras nos consoles de videogames e viraram referência quando se pensa em franquias de sucesso, o que significa que já estava na hora de ampliar ainda mais seus horizontes.

Sim, já houve uma tentativa de qualidade no mínimo duvidosa, de se fazer um live-action em 1993. Mas, o deleite é mesmo ver a dupla bigoduda em forma de animação, com tudo que esse gênero tem a oferecer. Para melhorar ainda mais, entregue o projeto nas mãos da equipe da Illumination Studios e pronto. Mama, mia!

Escrita por Matthew Fogel, a história começa logo após a decisão de Mario (vozes de Raphael Rossatto, na versão dublada e Chris Pratt, na original) e Luigi (Manolo Rey / Charlie Day) de abrirem sua própria empresa de serviços de encanamento no bairro do Brooklyn (em Nova York), onde moram. Sem o apoio da família, que parece não acreditar na possibilidade de sucesso dessa nova empreitada, eles só podem contar um com o outro – e creia: isso, muitas vezes, é o que basta.

 

A rotina nada emocionante de se apertar parafusos e trocar canos muda quando, durante um de seus trabalhos, os personagens são levados ao fantasioso Reino dos Cogumelos que, sob a liderança da Princesa Peach (Carina Eiras / Anya Taylor-Joy) se vê em perigo iminente graças à vilania de Bowser (Márcio Dondi / Jack Black), que pretende dominar o lugar e casar-se com sua regente.

Esse é momento de apertar o botão Start e deixar-se levar por todas as maravilhas que o universo de Super Mario Bros. tem a oferecer. Mais do que imponentes, os cenários são magníficos em todos os detalhes – são cores, texturas e objetos dos mais diversos, com direito a easter-eggs espalhados por todo o caminho (alguns, mais perceptíveis para quem conhece os jogos; outros, imediatamente reconhecíveis por qualquer pessoa que já tenha ouvido falar na franquia).

Uma das maiores mudanças acaba sendo muito bem-vinda ao fazer total sentido na produção: Peach deixa de ser apenas a princesa que precisa de resgate, para tornar-se a governante que fará de tudo pela segurança de seu reino e súditos leais. Para isso, terá a preciosa (e fofinha) ajuda de Toad (Eduardo Drummond /Keegan-Michael Key) e de um novo e inesperado amigo humano que precisa reencontrar o irmão perdido.

A jornada do trio é o pano de fundo para que possamos percorrer 38 anos de história, com referências às aventuras – das menos relevantes aos grandes clássicos – que ajudaram a transformar Mario na mascote oficial da desenvolvedora e publicadora japonesa de jogos eletrônicos e consoles Nintendo.

Impossível destacar algum ponto em especial, uma vez que tudo funciona no longa dirigido por Aaron Horvath e Michael Jelenic, mas dá para aplaudir em pé a versão brasileira – com expressões divertidíssimas – feita por grandes nomes da dublagem nacional. Com um roteiro simples na medida certa e visualmente impecável, a obra ainda conta com uma ótima trilha sonora – que mescla os famosos acordes dos temas dos jogos a canções memoráveis da década de 1980, como “Take on me”, de A-HA e a quase onipresente em filmes de ação, “Holding Out for a Hero”, de Bonnie Tyler, tocadas em duas das melhores sequências.

Também vale ressaltar o quanto é hilária –  e como evolui no decorrer da narrativa – a interação de Mario e Donkey Kong (Pedro Azevedo / Seth Rogen), que, como ele mesmo diz, é “mais do que um macaco que quebra tudo”. Assim como é preciso dizer que o pessimismo e as frases de efeito de uma pequena figura (vista rapidamente no trailer final) são capazes de arrancar boas risadas do público.

Com bagagem suficiente para sagrar-se como um dos grandes sucessos do ano, “Super Mario Bros. – O Filme” é o equilíbrio perfeito entre nostalgia e novidade. E após 92 minutos que passam voando (ou correndo de kart, ou saltando), é “game over”, mas com um gostinho muito bom de “continue”.

Imperdível.

PS: Fique até o fim dos créditos!

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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