Crítica: “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”

Imagine a possibilidade de ser transportado para um mundo mágico, onde criaturas místicas e aventuras ao lado de incríveis companheiros lhe aguardam. Pois bem, essa é a proposta dos chamados RPG (Role Playing Games), jogos de tabuleiro que fazem muito sucesso entre aqueles que buscam por uma diversão que não se limite a recursos tecnológicos de ponta.

Mesmo quem não consome esse tipo de conteúdo deve ter pelo menos ouvido falar em Dungeons & Dragons (ou simplesmente D&D). O jogo americano está entre os mais aclamados do gênero – desde seu lançamento em 1974 – e serve como inspiração para os mais diversos universos, sejam cosplays, action figures ou adaptações cinematográficas / televisivas (algumas, de qualidade um tanto quanto duvidosa).

Bebendo nessa fonte, “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” (Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves) chega aos cinemas com a proposta de agradar aqueles que já conhecem o material base e popularizá-lo entre o público que ainda não faz parte desse grupo.

A trama escrita por Chris McKay e Michael Gilio se passa na fictícia cidade Costa da Espada e tem como centro a formação de um improvável grupo com integrantes díspares, mas um objetivo em comum: acabar com o poderio do traidor Forge Fittzwilliam (Hugh Grant), o que trará benefícios específicos a cada elemento – do resgate de um ente querido à proteção de um clã inteiro. Para isso, terão que enfrentar a temível feiticeira Sofina (Daisy Head), principal aliada do antagonista.

A equipe é liderada pelo bardo Edgin (Chris Pine) e pela bárbara Holga (Michelle Rodriguez) – dupla que recentemente fugiu da prisão, cujo julgamento mostrado nas cenas iniciais já serve como uma ótima apresentação do que virá pela frente.

Ao lado deles, temos a presença da druidesa Doric (Sophia Lillis) – uma das personagens mais bacanas em termos visuais, graças à sua capacidade de se transmutar em animais de todos os portes; o mago Simon Aumar (Justice Smith), cuja extrema capacidade só se equipara à sua baixa auto-estima; e o paladino Xenk (Regé-Jean Page), em participação elegante e significativa para o sucesso da empreitada.

Estabelecer características tão diversificadas – seja no que diz respeito a aparências, habilidades ou importância – faz com que todos tenham destaque em algum momento e o público acabe se identificando facilmente com a história, quase como se fosse possível participar da aventura também.

Repleto de referências, o filme dirigido por John Francis Daley e Jonathan Goldstein brilha ao conseguir juntar tantas informações simultaneamente. Ênfase para a sequência que mostra os desafios propostos pelos chamados Jogos Meridianos, que contam com componentes do RPG original e ainda acenam para a nostalgia do público (em cena divulgada – em partes – antecipadamente, no material oficial do longa), ao trazer para as telas os personagens de “Caverna do Dragão”, animação da década de 1980, que ainda hoje mantém uma legião de fãs fervorosos.

Produções do gênero fantasia têm uma imensa vantagem frente às outras: não existe nada que possa ser chamado de “exagero”, o que significa que sempre é possível apresentar indivíduos e/ou situações que, mesmo que pouco plausíveis, permanecem expressivos. Nesse caso, entre tanto a ser admirado, duas figuras ocupam muito bem esse lugar: o Dragão Rakor (que se tornou um de meus favoritos no que diz respeito a tais criaturas aladas da cultura pop) e a que surge em uma pequenina – literalmente – participação especial.

Divertido, perspicaz e com tudo para tornar-se uma bem-sucedida franquia. “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” surpreende e faz bonito.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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