Crítica: “A Morte do Demônio: A Ascensão”

Nostalgia, saudosismo, não importa. A verdade é que dificilmente algo “experimental”, inovador, atual ou completamente diferente consegue superar os chamados clássicos.

E isso é bem evidente em “A Morte do Demônio: A Ascensão” (Evil Dead: Rise) que, embora conte uma história inédita, sabiamente mantém o estilo que transformou a trilogia oitentista (que já virou série televisiva, jogo de videogame e ganhou um remake nos cinemas em 2013) não só em um enorme sucesso, mas em uma referência para o terror – em especial ao subgênero gore.

O roteiro de Lee Cronin (que também atua como diretor) muda o cenário, mas mantém a sensação de isolamento forçado. A narrativa se passa em dias atuais, quase em sua totalidade na periferia da cidade de Los Angeles, e gira em torno da recém-separada Ellie (Alyssa Sutherland) e seus três filhos: Bridget (Gabrielle Echols), Danny (Morgan Davies) e Kassie (Neil Fisher).

Prestes a desocupar o apartamento em que moram – devido à iminente demolição do prédio, eles recebem a inesperada visita de Beth (Lily Sullivan), irmã mais nova de Ellie, que passa por uma situação delicada e vai em busca de conselhos.

O que poderia ser um simples reencontro familiar torna-se algo muito mais perigoso quando, após um terremoto, Danny encontra uma espécie de cofre subterrâneo na fundação do edifício. Nele, estão artefatos que nitidamente foram colocados lá para evitar problemas, mas o que seria dos filmes de terror se não fossem os personagens inadvertidamente curiosos, não é mesmo?

Ao levar um dos três volumes do Necronomicon (sim, o livro dos mortos) consigo, o jovem nem imagina, mas está condenando sua família e todos ao redor – ao que há de pior em se tratando de entidades demoníacas. Essa é a deixa para que um horror bastante visceral seja mostrado em tela, com direito a várias cenas explícitas, mas cujo “exagero” se justifica por completo.

Com Sam Raimi e Bruce Campbell – icônica dupla responsável pelo êxito da trilogia original – entre os produtores executivos, o longa é brilhante. Ao conseguir criar uma identidade própria – mas sem renegar as raízes da franquia – a produção escreve seu nome, não só entre os grandes de 2023, mas na história composta por títulos que buscam ser lembrados depois por muito tempo, após o término de sua exibição.

Entre tanto que há para se destacar, as cenas passadas na cozinha do apartamento e no elevador do prédio estão entre as mais impactantes, afinal, esse são ótimos lugares para se criar sequências do tipo (ou pelo menos é o que parece, dada sua recorrência).

Assim como vale exaltar os excepcionais trabalhos de maquiagem e efeitos especiais realizados por equipes grandiosas – em competência e número de elementos. Tais efeitos – que se tornam ainda melhores quando executados de forma prática – aliados a boas interpretações, ajudam a imergir o espectador nos acontecimentos de uma maneira sufocante.

Mesmo sendo bastante resistente a cenas mais “pesadas”, por várias vezes me peguei com a boca seca e uma sensação constante de desconforto durante os 97 minutos de duração do longa. O que foi uma surpresa muito positiva, pois eu não esperava nada além do “básico” (o que não seria necessariamente ruim) e acabei saindo da sala bastante satisfeita (enjoada também, mas isso é um detalhe).

Com uma bem aplicada classificação para espectadores a partir de 18 anos, “A Morte do Demônio: A Ascensão” deve atender a várias vertentes de fãs de terror. Embora tenha uma trama bem resolvida, com a provável recepção positiva do público – o que significa uma boa arrecadação – acredito ser apenas questão de tempo até confirmarem um novo capítulo para a franquia.

Já vou separar meu antiácido e esperar ansiosamente pelo anúncio.

por Angela Debellis

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