Crítica: “Muti: Crime e Poder”

Dirigida por George Gallo, a trama de “Muti: Crime e Poder” (The Ritual Killer) gira em torno de  jovens que estão sendo assassinados em diversos países. Em comum? Os requintes de crueldade que podem ser percebidos nos locais em que os corpos são encontrados. Vítimas de um aparente ritual, quase não há elementos em comum entre elas, a não ser a pouca idade e a boa saúde.

Quando dois crimes semelhantes são cometidos na cidade de Clinton (localizada no estado americano de Mississippi, no Condado de Hinds), o detetive de homicídios Lucas Boyd (Cole Hauser) toma a frente da investigação, na ânsia de impedir novas mortes. Com um histórico familiar bastante problemático – envolvendo a perda da filha e da esposa – ele terá que provar que está à altura de assumir tal encargo.

Para ajudar em sua missão, ele conta com informações do inspetor italiano Mario Lavazzi (Giuseppe Zeno), que também esteve à caça do assassino serial, quando este agiu em Roma. Mas, há muito mais a se desvendar sobre o misterioso homem por trás dos delitos, inclusive o improvável motivo que o leva a cometer tais atos.

Após falhar em decifrar elementos encontrados no local que serviu de cenário para uma das execuções em solo americano, Boyd parte em busca de orientação de Dr. Mackles (Morgan Freeman), um veterano professor de Estudos Africanos que não se mostra muito receptivo em um primeiro momento, deixando claro que há algo muito perigoso no ar.

Porém, sua consciência fala mais alto e ele pavimenta o caminho para facilitar a captura de Randoku (Vernon Davis, com uma presença bastante intimidadora em tela), que descobrimos tratar-se de uma espécie de sacerdote africano que realiza o chamado Ritual Muti, cuja intenção é obter poder através da extração e posterior utilização de órgãos humanos – que devem ser retirados de maneira bastante específica, a fim de garantir resultados satisfatórios.

Caminhando pelo gênero de suspense policial padrão, cuja narrativa é calcada na busca por um – normalmente habilidoso e inteligente – assassino em série, “Muti: Crime e Poder” ganha força quando se volta para um lado que pende para o sobrenatural.

A crença cega na eficácia do ritual – tanto por parte de quem o pratica, quanto por quem paga para que seja feito – é algo quase hipnótico e chega a ser assustador imaginar que algo semelhante seja, de fato, realizado na vida real, já que tais ações fazem parte da cultura tradicional na África do Sul.

Embora não seja o protagonista (como o material de divulgação deixa a entender), Morgan Freeman, como sempre, entrega um bom trabalho. A importância de seu personagem cresce exponencialmente, conforme o roteiro de Bob Bowersox, Jennifer Lemmon, Francesco Cinquemani, Giorgia Iannone, Luca Giliberto e Ferdinando Dell’Omo  avança e a conclusão de sua história é uma das mais interessantes.

Se a ideia é provocar reflexão após o término do longa, uma frase em específico faz essa proposta de modo avassalador, em dado momento: “Existe uma linha tênue entre a sanidade e a loucura , e nem sempre sabemos de que lado estamos”.

“Muti: Crime e Poder” chega aos cinemas brasileiros com cópias dubladas e legendadas, exclusivamente na Rede Cinemark. A distribuição é da A2 Filmes.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

Comments are closed.