Crítica: “Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim”

Antes da estreia de “Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim” (Five Nights at Freedy’s), tudo que eu sabia a respeito do longa da Universal Pictures em parceria com a Blumhouse e associação com a Striker Entertainment, era tratar-se da adaptação cinematográfica de um jogo indie de grande sucesso, lançado em 2014.

Ou seja, uma vez que não poderia fazer nenhum tipo de julgamento quanto à transição das plataformas de jogos para as telas, entrei na sala de cinema apenas esperando por um bom título de suspense – com, talvez, algumas pitadas de terror / humor – e a percepção de sequências correntes que pudessem remeter a uma partida de vídeo game. Mas o que recebi foi muito mais do que isso.

O roteiro de Scott Cawthon (criador da série de jogos na qual a produção se baseia), Seth Cuddeback e Emma Tammi (também à frente da direção) gira em torno de Michael “Mike” Schmidt (Josh Hutcherson), que busca um emprego estável para garantir a manutenção da guarda da irmã caçula, Abby (Piper Rubio), que ficou aos seus cuidados após perderem os pais.

Com algumas tentativas frustradas em trabalhos anteriores no currículo, o jovem consegue uma oportunidade para o cargo de vigia noturno em um estabelecimento fechado há mais de dez anos, devido a boatos de ligação do lugar com o sumiço de crianças na década de 1980, cujos destinos nunca foram descobertos.

O local em questão é a Freddy Fazbear’s Pizza, que, segundo o orientador profissional que oferece a vaga, Steve Raglan (Matthew Lillard), ainda pertence ao dono original, que não deseja desfazer-se dele, mesmo após tanto tempo fechado e sem nenhuma geração de renda.

A Mike, caberá a função – aparentemente simples (sempre duvide disso) – de ficar de olho nos monitores internos e não deixar ninguém entrar nas instalações, em seus turnos que vão da 0h às 6h. Seria “fácil” se não houvesse um pequeno porém: os maiores perigos são os que já estão lá dentro e atendem pelos simpáticos nomes de Freddy (o urso), Bonnie (o coelho), Foxy (a raposa pirata), Chica (a galinha) e Cupcake (o bolinho).

As figuras animatrônicas eram muito populares na época em que a pizzaria estava aberta ao público, sendo responsáveis por animar (através de apresentações musicais) o salão no qual se realizavam festas em geral. Até que a fofura de antes dá espaço ao temor de agora, com os personagens assumindo a posição de supostos assassinos.

Tomando o posto de quem poderia ser a figura que auxilia o jogador principal em sua jornada, com dicas e apontamentos, está a policial Vanessa Shelly (Elizabeth Lail), que, desde sua aparição na história, parece saber mais do que demonstra à primeira vista.

Com todas as peças estabelecidas, logo o público se verá ansioso em obter a resposta à pergunta feita no material promocional da obra: “Você consegue sobreviver por cinco noites?”.

“Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim” tem inúmeras (e surpreendentes) qualidades, mas três se destacaram para mim: a primeira, a opção por efeitos práticos, com a utilização de bonecos animatrônicos em tamanho real. A encarregada pela confecção / animação foi a Jim Henson’s Creature Shop, empresa de efeitos especiais/visuais do criador dos icônicos Muppets.

A segunda, a trilha sonora – tanto a parte incidental (criada por The Newton Brothers), quanto a que traz faixas conhecidas das décadas de 1980 e 1990 e inclui nomes como The Romantics, Kool & The Gang, Iggy Pop e Elastica – que se tornou a minha favorita do ano.

E a terceira, a competência de Marc Fisichella e Claire Sanchez para recriar com perfeição, ambientações de uma época Pré-Internet / Celulares / Redes Sociais, na qual tudo até poderia ser mais complicado (em especial no que diz respeito à comunicação), mas que também é incrivelmente capaz de despertar as melhores recordações em quem teve oportunidade de vivenciá-la.

Ao sair da exibição para a imprensa, a sensação é a de que o filme cumpre o que promete, com folga. E, se conseguir agradar os fãs prévios dos jogos, tanto quanto agradou quem nunca deu start em nenhuma partida (até agora), creio que uma sequência poderá (e deverá) ser confirmada em breve, uma vez que, além do vasto material para isso, também há a clara intenção de realizá-la.

Lembrando que há uma (ótima) cena durante os créditos finais.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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