Crítica: Downton Abbey – O Filme

Quando uma série televisiva serve de base para uma versão cinematográfica, a obra levada às telonas pode parecer, à primeira vista, direcionada (ou interessante) apenas a quem já tem intimidade com o tema anteriormente.

Embora soubesse da existência e enorme sucesso da série criada por Julian Fellowes (que aqui repete a função de roteirista), antes de assistir a “Downton Abbey – O Filme”, eu nunca tinha visto nada referente à premiada produção britânica que teve 52 episódios divididos em seis temporadas no total. E mesmo assim, o filme me pareceu encantador e atraente o suficiente para prender minha atenção e me deixar com vontade de saber mais sobre os personagens ao sair da sala de cinema.

A trama do longa dirigido por Michael Engler se passa em 1927, dois anos depois dos eventos finais da última temporada da série, e mostram a família Crawley às voltas com as preparações para receber o Rei e a Rainha da Inglaterra em sua residência. Tal visita inesperada transforma as dependências de Downton Abbey no cenário ideal para termos ideia da dimensão de sua rotina luxuosa e repleta de minúcias inimagináveis aos que não têm o mesmo padrão de vida.

Uma vez que o tema principal é bem definido, o roteiro ainda consegue encontrar espaço para criação de outras várias histórias paralelas que se desenvolvem com a mesma eficiência: da homofobia que se escondia por trás da capa da “justiça”, a fatos do passado que podem mudar a maneira como os outros enxergam pessoas próximas; de segredos de família a inesperadas declarações sobre o futuro de alguns personagens. Tudo na medida certa para agradar os fãs e os que só agora conheceram a proposta.

Com o elenco original da série de volta a seus papéis, o destaque fica para a sempre maravilhosa Meggie Smith. A veterana atriz, que interpreta Violet Crawley, entrega uma personagem com humor mordaz e mão firme para conduzir as várias gerações da família. Grande parte das melhores falas do roteiro é dita por ela, que consegue facilmente conquistar a plateia e arrancar risadas com sua naturalidade ácida.

Seja pela bem desenvolvida história, pelo figurino impecável (com acessórios que fizeram meus olhos brilharem várias vezes durante a exibição) ou pela linda fotografia – que já chama atenção desde as cenas iniciais -, “Downton Abbey – O Filme” é uma excelente opção para quem gosta de produções de época.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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