Crítica: A Poucos Passos de Paris

Comédias francesas se tornaram um dos meus passatempos favoritos, pois são divertidas, inteligentes e instigantes e não poderia ser diferente com “A Poucos Passos de Paris” (À 2 heures de Paris).

O longa de Virginie Verrier narra a trajetória de Sidonie (Erika Sainte), que retorna à cidade onde cresceu em busca do pai de sua filha, por insistência da garota, Lolo (Matilda Marty-Giraut).

A narrativa se desenvolve em torno dos encontros e desencontros que Sidonie tem com os amantes que possuía quando tinha apenas 16 anos, e nessa peregrinação em busca de material genético, Lolo se diverte ao desvendar as possibilidades paternas.

A volta para Somme Bay, representa para Sidonie um encontro com o passado que ela foi obrigada a abandonar e ao mesmo tempo a oportunidade de fazer as pazes com todos que deixou sem aviso prévio.

Os possíveis pais de Lolo são homens com personalidades completamente distintas: Um mecânico que ainda mora com os pais e se recusa a seguir a vida. O dono de uma boate por quem Sidonie ainda cai de joelhos. Um pintor bem mais velho – porém com quem nossa protagonista tinha a relação mais sincera, um astro deprimido do futebol local e um médico que colecionava casos extraconjugais.

O mais interessante é que Sidonie visita cada um dos homens e tem a chance de refletir sobre suas relações e as ações que a levaram até aquele momento da vida.

O filme que é praticamente todo produzido por Varrier conta com paisagens lindas, mostrando uma em especial, com belos recortes da costa francesas.

Um ponto importante é esse apelo ao feminino, aos desejos e necessidades da protagonista: Sidonie é, sem dúvidas, uma mulher autossuficiente que impõe suas vontades, mas ao mesmo tempo não nega a sensibilidade e pequenos traumas.

A trama se desenrola rapidamente, repleta de diálogos interessantes e fluidos. Erika Sainte transita muito bem entre a filha ressentida, a mãe responsável, a amante inconsequente e a mulher decidida. A atriz mostra todo talento ao decorrer das cenas.

“A poucos passos de Paris” tem um encerramento no mínimo irônico, que nos faz mais uma vez questionar o conceito de “comédia” para filmes franceses. O longa que chega ao Cinema Virtual é uma ótima opção para quem quer sair do marasmo. Confira.

por Carla Mendes

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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