Crítica: Godzilla vs. Kong

De tempos em tempos surge alguém dentro da indústria cinematográfica com a ideia de promover embates tão icônicos quanto improváveis (como “Freddy vs. Jason”“Alien vs. Predador” e até mesmo “Batman vs. Superman – A Origem da Justiça”).

A batalha da vez tem os holofotes sobre dois oponentes titânicos – literalmente. Em “Godzilla vs. Kong”, a ameaça surge na forma do poderoso lagarto radioativo, que, sem razão ou alvo aparente, emerge das águas e passa a atacar a superfície. Para combater tal ser intimidador, somente outro tão majestoso quanto, e esse atende pelo nome de King Kong.

Após os eventos de “Kong: A Ilha da Caveira”, o macaco gigante segue sendo monitorado no local por uma equipe de pesquisadores que visa sua segurança – uma vez que, de acordo com novos estudos, sua raça e a de Godzilla seriam inimigas mortais há séculos e um encontro entre os dois poderia ser desastroso em graus épicos, já que, supostamente, uma batalha só teria fim quando um deles se rendesse (aceitando a derrota ou morrendo).

É importante descobrir a motivação do Godzilla para atacar o planeta que ele mesmo ajudou a defender anteriormente (em “Godzilla II – Rei dos Monstros”)? É. Assim como é óbvio que, ao abraçar a ideia de que o que merece o verdadeiro destaque é a interação entre os protagonistas que dão título ao filme, é muito mais provável que o espectador alcance o grau de diversão almejado.

Como era de se esperar, os personagens humanos tem certa relevância na tal descoberta – principalmente por Ilene Andrews e Nathan Lind (interpretados por Rebecca Hall e Alexander Skarsgård , respectivamente). Mas, as cenas em que há a participação das criaturas gigantes são mesmo as que levam o filme a outro patamar, no que diz respeito a efeitos especiais.

Existe uma clara – e cada vez maior – preocupação com os detalhes das texturas de ambos. É possível ver com riqueza de detalhes as escamas que cobrem o corpo de Godzilla, assim como os pelos de Kong. Sem falar na perfeição de dentes, garras e unhas. E, isso faz com que, a improbabilidade de sua existência pareça irrelevante diante do convencimento oferecido ao público, que consegue se entregar à ideia de vivenciar tal encontro.

Ainda no que diz respeito a figuras humanas, a evidência fica para a garotinha Jia (Kaylee Hottle), o elo mais próximo entre Kong e as pessoas. A aproximação da dupla – seja através da linguagem de sinais ou de um silencioso toque na ponta de um dedo – consegue imprimir sensibilidade e beleza aos momentos de convívio entre eles.

No campo que abrange as teorias de conspiração – sempre presentes e necessárias em histórias do gênero – vale mencionar o trio formado por Madison Hussell, Bernie Hayes e Josh Valentine (Millie Bobby Brown, Brian Tyree Henry e Julian Dennison), que consegue aliar perspicácia, inteligência e alívios cômicos com a mesma facilidade.

Adiado inúmeras vezes devido à pandemia de Covid-19, e já tendo estreado na plataforma de streaming HBO Max (que chega ao Brasil apenas no final de junho), “Godzilla vs. Kong” é o tipo de filme feito para se ver no cinema.

Seja pela grandiosidade das cenas ou pela sensação que o som é capaz de causar, a ação dirigida por Adam Wingard e roteirizada por Terry Rossio, Michael Dougherty e Zach Shields merece ser apreciada na maior tela possível – caso você já se sinta seguro(a) para retornar aos cinemas, que reabrem suas portas sob rígidos protocolos de higiene para garantir a segurança de seus espectadores.

Imperdível.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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