Crítica: “Mortal Kombat”

Quando o jogo Mortal Kombat foi lançado em 1992, eu era uma adolescente, cria do console Atari (dono do meu coração, até hoje). E são muitas as lembranças que tenho de me ver maravilhada diante dos golpes que os personagens aplicavam, tendo uma quase obsessiva predileção em sempre jogar com o temido Sub-Zero – e, posteriormente, com a letal Kitana.

Com o imenso sucesso alcançado e após ganhar versões, tanto nos cinemas, quanto na TV – além de inúmeras outras opções jogáveis, o aclamado game está de volta às telonas, com a missão de honrar o legado conhecido pelos fãs de longa data e conquistar aqueles que ainda não conhecem a rica mitologia da série.

Sem esconder de ninguém a intenção de ser tornar uma franquia, “Mortal Kombat” (Mortal Kombat) abraça a ideia de ser uma grande introdução ao mundo dos icônicos lutadores. O roteiro escrito por Dave Callaham se preocupa em explicar – mas não de maneira enfadonha – o papel de cada um que surge em tela, até para que o espectador não fique perdido com a quantidade de personagens e informações que compõem esse universo.

Em cena já disponibilizada ao público, vemos o cruel ataque de Bi-Han (Joe Taslim) – que mais tarde se torna o Sub-Zero – à família de Hanzo Hasashi (Hiroyuki Sanada) – que retorna como Scorpion -, a fim de exterminar com seu clã.

Isso faz com que os combatentes da chamada Exoterra  (um dos seis reinos da série) ganhem sua nona batalha seguida contra a Terra, o que coloca nosso planeta em uma posição bastante complicada, já que uma sequência de dez vitórias significaria invasão, dominação e morte para o lado derrotado.

Como dá para imaginar, o tal “Combate Mortal” implica em lutas com direito a golpes absolutamente explícitos e sangrentos – tal qual o jogo no qual o longa se baseia. Com a censura proibindo a entrada de menores nas salas de cinema, a liberdade para se criar cenas literais fica muito maior e amplia a empolgação de quem sabe a importância e a satisfação de um “Fatality” bem aplicado, como o de Kung Lao (Max Huang), em uma das minhas cenas favoritas.

São muitos os nomes conhecidos dos fãs como Lorde Raiden, Liu Kang e Kano (Tadanobu Asano, Ludi Lin e Josh Lawson, respectivamente). Mas, o verdadeiro elo entre eles surge sob a figura de Cole Young (Lewis Tan), personagem criado especialmente para a produção. O obscuro lutador de MMA é descendente direto de um das figuras mais importantes da mitologia da saga e deverá colocar sua coragem à prova para descobrir sua “Arcana”, ou seja, seu poder específico (conceito também concebido para a obra).

Dirigido por Simon McQuoid, “Mortal Kombat” tem como grande atrativo suas cenas de ação – o que é bem adequado, já que a base da produção é um jogo de luta. Para os que conhecem a trama, é muito bom reconhecer golpes ou falas específicos, a sensação é a de estar imerso no console original, com direito ao que de melhor a história pode apresentar. Fica a dica para, quem puder, assistir em tela IMAX.

Entre tantos personagens, também é óbvio que os holofotes estão mais direcionados para Scorpion e Sub-Zero, que, embora não apareçam por muitos minutos simultaneamente, entregam os melhores momentos do filme. As coreografias são perfeitas e é possível se envolver com cada sequência de golpes de maneira muito natural.

O final em aberto indica o propósito de se continuar a narrativa em títulos futuros – inclusive com a aparição de mais nomes consagrados pelo jogo original. Com estreia nos cinemas e na plataforma HBO Max, resta aguardar para saber se os números alcançados serão satisfatórios para se cogitar uma sequência. Eu espero que sim.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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