Crítica: “Assassino Sem Rastro”

Títulos de ação precisam ter uma base de roteiro bem coesa para serem capazes de prender a atenção do espectador durante a narrativa inteira. Dependendo do tema, é possível fazer isso de maneira fácil, enquanto outros necessitam de maior embasamento para realizar tal tarefa.

Espionagem, assassinato e tiroteio sem técnicas que no audiovisual podem ser capazes de dar muito certo ou muito errado. Em “Assassino Sem Rastro” (Memory), dirigido por Martin Cambell, podemos adiantar dizendo que deu muito certo.

Vemos a história de um assassino de aluguel conhecido como Alex Lewis, interpretado brilhantemente por Liam Neeson, excelente no trabalho que faz durante anos, mas que se vê pego por uma doença que afeta sua memória (Alzheimer). Ao ser contratado para um serviço, Alex tem sua moral colocada em xeque quando um dos alvos é uma criança que passou por abuso infantil.

“Assassino Sem Rastro” bebe muito de na fonte de outras obras com a temática de assassinos de aluguel, dando em muitos momentos a impressão de já ter visto a mesma cena em outro lugar.

A provável sensação vem da repetição de personagem interpretado por Liam Neeson. Aqui, o ator usa de sua bagagem de anos para complementar as ambições que o roteiro tenta atingir, e ele entrega aquilo que é prometido. O uso do Alzheimer, os combates corpo a corpo, os momentos de atuação divididos com outros protagonistas não deixam a desejar.

Mas, desta vez, Neeson não está sozinho. O protagonismo é quase que inteiramente dividido com a polícia especializada em crimes de abuso infantil. Vincent Serra, Taj Atwal e Harold Torres interpretam agentes federais do Texas que estão dentro de uma mega operação em conjunto com o México no combate do tráfico de crianças e abuso de menores. A forma como o roteiro alinha as duas histórias é genial e acontece de forma sutil e inesperada.

O início passa a sensação de que há dois filmes completamente diferentes, mas que se encaixam perfeitamente, como dois rios se encontrando antes de desaguarem no mar. O tema de “justiça com as próprias mãos” também é debatido fortemente ao longo da história, contracenando com cenas de ação de tirar o fôlego.

A única decepção (por assim dizer) fica para a conclusão propriamente dita. É chocante esperar um final feliz em um longa sobre assassino de aluguel, mas o centro da discussão acaba sendo ignorado ao encerrar da maneira escolhida.

Mas, claro, isso não estraga a experiência que “Assassino Sem Rastro” proporciona. É definitivamente um filme que não pode passar despercebido para os amantes de cinema de ação.

por Artur Francisco

*Texto publicado originalmente no Site A Toupeira.

Comments are closed.