Crítica: “Ela e Eu”

Chega aos cinemas brasileiros o drama “Ela e Eu”, dirigido por Gustavo Rosa de Moura, que também assina o roteiro com Leonardo Levis e Andréa Beltrão.

Na trama, há 20 anos, Bia, interpretada por Andrea Beltrão, entrou em coma no momento do nascimento de sua filha Carol (Lara Tremouroux). Todavia, isso não impediu que, por todo esse tempo, ela tenha feito parte do dia a dia da família, mesmo que desacordada.

Um dia, no entanto, Bia subitamente acorda. Enquanto reaprende a enxergar, falar, andar e se relacionar, sua filha adulta, seu ex-marido (Eduardo Moscovis) e a atual esposa dele (Mariana Lima) tentam absorver o impacto da presença viva daquela pessoa amada e desajustada.

É impossível começar a falar de “Ela e Eu” sem citar seu o maravilhoso envolvimento com a música de mesmo nome do compositor e cantor Caetano Veloso. A essência está intimamente ligada na letra da música, escolhida como a alma do longa.

O roteiro deixa isso bem claro, intercalando os pensamentos e atitudes dos personagens com a melodia em momentos chaves. A narrativa acerta em todos os detalhes e consegue criar uma atmosfera crescente de tensão tão real entre os personagens, após o despertar de Bia, que intriga e deixa o espectador curioso e fixado na tela.

Mas, claro, a cereja do bolo está nas mãos de Andréa Beltrão e sua personagem Bia. Sua atuação incorporando uma pessoa após acordar de um coma, que precisa e reaprender cada detalhe da vida, como uma criança aprendendo a crescer, socializar e amar, é perfeita. Cada detalhe, seja no andar, no falar e até mesmo no olhar, foi delicadamente feito e prova que a atriz é capaz de muito mais.

E a cenografia também não deixa a desejar, fazendo não só parte da história, mas sendo praticamente um personagem à parte, bem como a própria cidade do Rio de Janeiro apresentando a atmosfera boêmia que completa o combo. Por fim, “Ela e Eu” não é apenas um filme, mas também uma lição de vida, que nos mostra como ser pacientes, compreender o sentimento do outro e que a vida merece mais do que planos engessados pela rotina do dia a dia.

por Artur Francisco

*Texto publicado originalmente no Site A Toupeira.

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