Crítica: “Skinamarink: Canção de Ninar”

Em “Skinamarink: Canção de Ninar” (Skinamarink), seu trabalho de estreia para o cinema (e depois de ter alcançado sucesso com seu canal no YouTube), o diretor / roteirista Kyle Edward Ball demonstra ter a ambição não só de conquistar os fãs de terror, mas de ampliar esse público, com a proposta de um “terror experimental”. O que significa que o longa que chega aos cinemas brasileiros com distribuição da A2 Filmes, terá uma missão, no mínimo, complicada.

Ao sair da zona de conforto (entenda-se roteiro com temas batidos e sustos fáceis), a produção se faz destacar, mas seu conceito de que “menos é mais” não é uma ideia fácil de se comprar.

A história é até bem simples e envolve duas crianças Kaylee (Dali Rose Tetreault) e Kevin (Lucas Paul) que, aparentemente, foram abandonadas pelos pais em uma casa de ambientação escura o bastante para logo se tornar incômoda.

Desorientada, a dupla parece não entender o motivo da ausência dos adultos e busca segurança em objetos típicos da idade: um cobertor, brinquedos, uma televisão exibindo desenhos antigos (que, em algum momento nos faz lembrar da icônica sequência de “Poltergeist – O Fenômeno”).

O maior diferencial é que tudo é apresentado ao público sob a perspectiva infantil, no sentido literal da expressão: os enquadramentos, a altura em que os objetos são observados. Assim como o exagero tão normal dessa época da vida, quando a imaginação faz sombras e sons ganharem dimensões de perigos e monstros.

Confesso que a pouca exposição de fatos (nunca sabemos realmente o que ou se está acontecendo) me incomodou mais do que eu esperava. O que parecia uma incitação à curiosidade, culmina em um roteiro mais raso do que poderia ser, beirando um desperdício de material.

Há acertos na produção canadense, como a decisão de fazer as filmagens como se fosse algo caseiro, com imagens granuladas e qualidade bem menor do que é possível realizar hoje em dia, com um bom smartphone. O que faz muito sentido, já que a história se passa em 1995, quando a tecnologia estava longe de ser o que é hoje em dia.

No fim, a sensação é a de que, mesmo com a promessa de ser algo inovador dentro do gênero terror, “Skinamarink: Canção de Ninar” (Skinamarink) não tem fôlego suficiente para sustentar 100 minutos de duração, tornando-se cansativo em vários momentos propositalmente repetitivos, mas depois de um tempo, ineficazes.

por Ana David

*Texto originalmente publicado no site CFNotícias.

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