A Primeira Guerra Mundial já foi e ainda é palco para diversas histórias do cinema. Filmes do gênero, normalmente são encabeçados por homens e mostram o sofrimento dos atos humanos, sempre explorando a ação e tensão durante toda a história. “Herói de Sangue” (Tirailleurs), dirigido por Mathieu Vadepied, traz como pano de fundo justamente essa temática ambientada na França.
A produção é uma narrativa familiar, na qual Bakary (Omar Sy) é um aldeão senegalês que cuida do gado junto com seu filho mais velho Thierno (Alassane Diong), mas a vida de todos muda quando a França recruta garotos senegaleses para guerra na Europa.
O texto de Olivier Demangel e Mathieu Vadepied se baseia livremente na história de milhares de soldados que morreram na Primeira Grande Guerra, e mostra Bakary se oferecendo para estar no mesmo pelotão que seu filho, no intuito de protegê-lo.
A direção de Mathieu Vadapied, assim como seu roteiro, tem um viés completamente familiar e poético, pressionando o espectador a entender e se sensibilizar com a história dos personagens e menos com os acontecimentos ao fundo.
O intuito até parece colocar a culpa entre os europeus que iniciaram a guerra, e demonstrar a fragilidade e “sequestro” de um povo que já sofria antes através do colonialismo francês. Além disso, a criação de uma atmosfera claustrofóbica nas trincheiras preenche ainda mais essa sensação criada pela obra.
Outro destaque, sem dúvida, é a atuação de Alassane Diong, ao lado de Omar Sy, que seguram muito bem todo o drama e conseguem se conectar ao espectador. É sofrível, doloroso e visceral.
Conceitos de paternidade e lealdade são abordados em toda história, oscilando entre os personagens. Enquanto Bakary é o pai super protetor, Thierno é o homem que está se formando leal aos franceses – ainda que estejam apenas sendo usados como marionetes no jogo da guerra.
Por fim, “Herói de Sangue” é mais do que apenas um título de guerra. É um filme que vale a pena assistir para refletir sobre os preceitos da paternidade, lealdade e relação de um pai com seu filho.
por Artur Francisco
*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.
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