Crítica: “Patos”

Manter-se seguro em sua zona de conforto, mas sem acrescentar nada de bom à enfadonha rotina ou encarar os desafios de viver novas aventuras em lugares desconhecidos? Essa é a pergunta a ser respondida em “Patos!” (Migration), mais recente animação da Illuminatiosn Entertainment e que se torna uma ótima representante do gênero nesse início de 2024.

A história se passa em um pacato lago localizado na região americana de Nova Inglaterra, que serve de morada para dezenas de aves, entre as quais, os membros da simpática família Lopatos, que tem o patriarca Mack (voz de Kumail Nanjiani no original e Sérgio Stern na versão brasileira) como quem zela pelo bem estar daqueles que ama, acima de tudo.

Mas, se para ele, monotonia é sinônimo de segurança, para sua esposa Pam (Elizabeth Banks / Priscila Amorim), as coisas não são bem assim. Por mais que ela acredite levar uma feliz ao lado do companheiro e dos filhos – o questionador pré-adolescente Dax (Caspar Jennings / Sam Vileti) e a espirituosa caçula Gwen (Tresi Gazal / Melinda Saide) – existe uma faísca de desejo em desbravar outras terras – o que pode ser feito através da boa e velha migração.

Tal vontade vem ainda mais à tona com a aparição de patos migratórios que, a caminho da Jamaica, faz uma parada estratégica no lago onde vivem os protagonistas. Sejam as possibilidades de conhecer novos lugares, provar novas frutas ou até mesmo viver um primeiro e juvenil amor, há muitas razões para os Lopatos considerarem uma mudança nos planos para a temporada de inverno que se aproxima.

Ao decidir seguir viagem rumo ao país caribenho, a família – acompanhada do experiente / rabugento / encantador Tio Dan (Danny DeVito / Ary Fontoura) – passará pelas mais diversas situações, que ajudarão a moldar as lembranças dessa aventura inédita.

Do enigmático casal de garças, Erin (Carol Kane / Claudia Raia) e Harry, à explosiva pomba moradora do Central Park, Lelé (Awkwafina/ Danni Suzuki), passando por outros patos – cuja inocência flerta perigosamente com o perigo – várias são as figuras que acrescentam humor à trama escrita por Mike White e Benjamin Renner (este, também assumindo o papel de diretor, junto a Guylo Homsy).

Se a comédia é um dos pilares da animação – com um texto divertido e inteligente, repleto de frases hilárias – é preciso destacar os momentos nos quais a emoção dá o tom às cenas, quando a vivência familiar torna-se motivo de alegria, gratidão e aprendizado.

Tal sentimento é lindamente representado não só pelo quinteto principal, mas por Delroy (Keegan-Michael Key / Marco Ribeiro), gentil arara que passa anos separada de seus entes queridos, após ser capturada e mantida em uma gaiola pelo principal antagonista da produção – conhecido apenas como “Chef” (Jason Marin / Henrique Fogaça).

“Patos!” acerta em cheio ao combinar três fatores: visual deslumbrante (repare na textura das penas e da superfície da água); trilha sonora (original de John Powell) envolvente – que ainda conta com a dançante “Papa Loves Mambo” de Perry Como, que deve fazer muitos espectadores requebrarem nas cadeiras; e narrativa simples, sem grandes novidades, mas que sempre será relevante.

Lembrando que as sessões de cinema também exibirão o curta-metragem “Missão Lunar”, estrelado por Vetor (vilão de “Meu Malvado Favorito”, cogitado para voltar às telas no quarto episódio da franquia, previsto para estrear ainda este ano).

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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