Crítica: “Plano de Aposentadoria”

Eu sou uma grande fã de filmes de ação das décadas de 1980 e 1990, justamente pelo compromisso que a maioria deles parece firmar com o entretenimento puro e absoluto (mesmo que para isso, às vezes recorra a cenas e/ou roteiros exagerados e sem o cansativo bombardeio de cobranças que se tem hoje em dia).

Muito legal assistir, em 2024, a uma produção com esses moldes, que entrega uma história que consegue ser, ao mesmo tempo, interessante e divertida, mas de forma nitidamente despretensiosa. Assim é “Plano de Aposentadoria” (The Retirement Plan), bem classificada como uma comédia de ação (com toques policiais), que acaba de chegar aos cinemas.

A trama começa em Miami e mostra o casal Ashley (AshleyGrrene Khoury) e Jimmy (Jordan Johnson-Hinds) em uma grande enrascada, devido ao envolvimento no roubo de um HD com informações que parecem interessar a muitas pessoas poderosas (sejam elas boas ou não). Entre elas, o mafioso Donny Iger (Jackie Earle Haley) – para quem Jimmy trabalhava como motorista – e a poderosa Hector Garcia (Grace Byers).

A fim de proteger a filha única, Sarah (Thalia Campbell, ótima em sua estreia nas telonas), Ashley e Jimmy decidem mandar a garota para a casa do avô aposentado, Matt (Nicolas Cage), que vive recluso nas Ilhas Cayman.

E, a partir desse primeiro encontro (já que o veterano ex-agente do serviço secreto americano nunca havia tido contato com a neta), toda uma história de conspiração, perseguição e segredos se desenrola – com direito a bons momentos de enredo familiar também, é claro.

Há anos afastado do serviço, Matt se verá de volta às atividades, de maneira inesperada. Quando Sarah é levada pelos capangas de Donny, ele terá que colocar suas antigas habilidades à prova para salvar a menina e impedir que o artefato tecnológico retorne às mãos de quem obterá muito mais do que lucros ilícitos com ele.

Se essa é a narrativa mestre, uma de suas ramificações ganha destaque: a interação entre Bobo (Ron Pearlman) – chefe dos capangas / sequestradores e sua refém, Sarah. Ainda que haja uma óbvia tensão no ar, também é visível o quão pode ser relevante a abertura que se dá para a descoberta de tantas camadas que uma pessoa pode ter, e como estas podem variar, de acordo com as possibilidades encontradas / oferecidas durante sua trajetória.

Durante seus 103 minutos de duração, o longa escrito e dirigido por Tim Brown faz uso de conhecidos artifícios, tanto para citar e se aproximar do estilo que fez tanto sucesso em décadas passadas. Quem não viveu essa época (ou não conhece suas muitas obras do gênero) pode estranhar – ainda mais que, como citado anteriormente, em dias atuais haja muito julgamentos e opiniões tecidos e compartilhados a todo momento, em todo lugar.

Em contrapartida, quem for capaz de reconhecer as bem-humoradas citações textuais e os marcantes recursos visuais pontuados no roteiro, deve encontrar uma boa diversão em “Plano de Aposentadoria”.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela A2 Filmes.

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