Crítica: “Zona de Risco”

Por bem ou por mal, é fato  que as salas de cinema foram inundadas por longas de super-heróis, tornando esse gênero quase um sinônimo para filme de ação. Guardando certas exceções de franquias consagradas como “Velozes e Furiosos” e “John Wick”, os títulos de ação tiveram certa dificuldade de atrair o público, ainda mais quando buscam ambientar suas tramas em conflitos realistas.

Porém, em meio a essa série de obstáculos, algumas obras merecem ganhar destaque nesse meio tão concorrido e “Zona de Risco” (Land of Bad) se enquadra entre elas, apesar da simplicidade de sua trama.

Na história, acompanhamos o Sargento J. J. Kinney (Liam Hemsworth), um piloto de drones da Força Aérea convocado para uma missão junto a um esquadrão de operações especiais da Força Delta. Com pouca experiência e muita insegurança, ele se vê sozinho após sua missão ser comprometida e se perder de seus companheiros em meio a um ataque frustrado.

Cercado por inimigos em um território hostil no sul da Ásia, Kinney dependerá do Capitão Eddie Grimm “Reaper” (Russel Crowe), piloto de drones que consegue monitorar o território no qual a missão se passa, para avisá-lo de possíveis ameaças e conduzi-lo ao ponto de extração onde será resgatado.

 

Com elementos que remetem a clássicos de filmes de ação e guerra como “Rambo” e “Falcão Negro em Perigo”, “Zona de Guerra” entrega uma narrativa simples, porém convincente o suficiente para acreditarmos nos perigos que o esquadrão enfrenta.

Se comparado com longas do mesmo gênero de outras épocas, a produção dirigida por William Eubank (que também escreve o roteiro junto a David Frigerio) inova ao trazer o elemento dos drones para o centro do conflito, abordando, ainda que de forma rasa, o questionamento se uma guerra torna-se menos brutal quando ela é travada não por soldados em campo, mas sim por máquinas controladas a distância.

A atuação de Liam Hemsworth nunca se mostrou primorosa em seus trabalhos anteriores, porém a verdade seja dita: aqui ele se sai muito bem, apesar do personagem não exigir uma dramaticidade mais profunda.

O ator consegue entregar o medo e a insegurança que Kinney sente em meio a uma missão que, claramente, é muito acima do nível ao qual está acostumado. Assim como o protagonista se mostra eficiente em cenas de ação que exigem mais do físico do personagem.

As sequências de ação também se mostram muito competentes, com uma sonoplastia muito bem equalizada e que, de fato, consegue transmitir o impacto das explosões e os tiros das armas de fogo, sem cansar a audiência ou tornar as cenas de confronto uma grande cacofonia – algo que não é fácil em filmes com grandes tiroteios e explosões.

Outro elemento a ser destacado são as lutas corpo a corpo, com destaque para Milo Ventimiglia (no papel do Sargento John “Sugar” Sweet), que, mesmo não sendo parrudo como seu companheiro de tela, convence nas cenas de ação, apresentando coreografias excepcionais junto a uma atuação que transmite de forma convincente a brutalidade e racionalidade que seu personagem apresenta em cena.

Em linhas gerais, este é um ótimo título de ação para aqueles aficionados pelo gênero de guerra, conseguindo inovar e se destacar em meio a obras que apelam mais para passagens fantasiosas – em lugar de efeitos práticos visando realismo.

Mesmo não se aprofundando em questões éticas e políticas que cabiam em seu roteiro, “Zona de Risco” engrandece sua experiência com ótimas sequências de ação e personagens bem desenvolvidos.

por Marcel Melinsk

*Texto originalmente publicado no site CFNotícias.

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